SIGNIFICADO DE UMBANDA



O QUE É UMBANDA:


A Umbanda é uma religião fundada há mais de 100 anos, no estado do Rio de Janeiro. Brasileira, é uma religião sincrética que absorveu conceitos, posturas e preceitos cristãos, indígenas e afros, pois estas três culturas religiosas estão na sua base teológica e são visíveis em suas práticas.


O marco inicial da Umbanda é a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Morais, em 1908, diferenciando-a do espiritismo e dos Cultos de Nação e Candomblé de então. 

A Umbanda tem suas raízes nas religiões indígenas, africanas e cristã, mas incorporou conhecimentos religiosos universais pertencentes a muitas outras religiões.  Umbanda é o sinônimo de prática religiosa e magística caritativa e não tem a cobrança pecuniária como uma de suas práticas usuais. Porém, é lícito que os médiuns e as pessoas que frequentam seus templos contribuam para a manutenção deles ou para a realização de eventos de cunho religioso ou assistencial aos mais necessitados. 

Por isso, vamos primeiramente explicar a origem, a etimologia do vocábulo Umbanda. 

A palavra é derivada de u´mbana, um termo que significa “curandeiro” na língua banta falada na Angola, o quimbundo. A umbanda tem origem nas senzalas em reuniões onde os escravos vindos da África louvavam os seus deuses através de danças e cânticos e incorporavam espíritos.

A palavra Umbanda, segundo o grande pesquisador Cavalcanti Bandeira, autor da obra "O que é a Umbanda", é originária da língua Kimbundo, é encontrada em muitos dialetos Bantus, falados em Angola, Congo e Guiné.

A língua geral do angolano é conhecida também como angolês e bundo, e não constitui segredo, pois em virtude dos interesses comerciais e do período em que Portugal manteve suas colônias na África. Foi devidamente estudada, existindo já várias gramáticas de autores insuspeitos em que são citadas as palavras Umbanda e Quimbanda, nome comum na África: às vezes, é citada como nação poderosa, outras, como o espírito dessa mesma nação.

Finalizando, na gramática de Kimbundo, encontramos: 

UMBANDA - Arte de Curar (de Kimbanda = curandeiro) 

Resumidamente: Umbanda, arte de curar, ofício de ocultismo, ciência médica, magia de curar.

Se etimologicamente a Umbanda é a arte de curar, religiosamente o que ela significa?

Embora ainda não codificada, a Umbanda tem um rito e um ritmo que lhe são peculiares, e que sofrem pequenas alterações de um terreiro para outro. Por outro lado, em sua origem, participam valores de três culturas principais, a saber: Cultura Branca (européia), através do catolicismo romano e do kardecismo;

Cultura Negra (africana), através do elemento escravo; Cultura Vermelha ou Ameríndia, através daqueles que já estavam aqui antes da chegada do elemento branco, e a quem impropriamente chamaram de índios, que o branco tentou escravizar.

O culto umbandista é realizado em templos, terreiros ou Centros apropriados para o encontro dos praticantes onde entoam cânticos e fazem uso de instrumentos musicais como o atabaque. Apesar disso, quando o Umbanda foi criado, não existiam manifestações musicais, como cânticos e utilização de instrumentos.




O culto é presidido por um chefe masculino ou feminino. Durante as sessões são realizadas consultas de apoio e orientação a quem recorre ao terreiro, práticas mediúnicas com incorporações de entidades espirituais e outros rituais. 

O culto se assemelha ao candomblé, no entanto, são religiões que possuem práticas distintas. 

Ao longo do tempo, a umbanda passou por transformações e foi se demarcando de outras religiões. Também criou ramificações, algumas delas são descritas como: Umbanda Tradicional: criada no Rio de Janeiro pelo jovem Zélio Fernandino de Moraes; Umbandomblé ou Umbanda Traçada: onde um mesmo sacerdote pode realizar sessões distintas de umbanda ou de candomblé; Umbanda Branca: utiliza elementos espíritas, kardecistas e os adeptos usam roupas brancas; Umbanda de Caboclo: forte influência da cultura indígena brasileira.

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de Orixás e não tem nessa prática um dos seus recursos ofertórios às Divindades. Na Umbanda, as oferendas se caracterizam por flores, frutos, alimentos e velas como reverência às Divindades. A Fé é o mecanismo íntimo que ativa Deus (Olorum), suas Divindades e os Guias Espirituais em benefício dos médiuns e dos frequentadores dos seus templos. 

A Umbanda não é uma seita e sim uma religião, ainda meio difusa devido a seus usos e costumes variados formados livremente onde quer que ela se manifeste. A Umbanda não apressa o desenvolvimento doutrinário dos seus fiéis, pois tem no tempo e na espiritualidade dois ótimos recursos para conquistar o coração e a mente dos seus fiéis. 

A mediunidade de incorporação é um de seus pilares, servindo para o desenvolvimento dos médiuns e aconselhamento dos consulentes, pessoas comuns que buscam orientação espiritual para suas vidas. A mediunidade independe da crença religiosa das pessoas, mas encontrou na Umbanda terra fértil para se manifestar livremente.  Com médiuns bem preparados, assiste seus fiéis, auxilia na resolução de problemas graves ou corriqueiros, todos tratados com a mesma preocupação e dedicação espiritual e sacerdotal.

A Umbanda é uma religião espírita e espiritualista. Espírita porque está, em parte, fundamentada na manifestação dos espíritos guias. E espiritualista porque incorporou conceitos e práticas espiritualistas (referentes ao mundo espiritual), tais como magias espirituais e religiosas, culto aos ancestrais Divinos, culto religioso aos espíritos superiores da natureza, culto aos espíritos elevados ou ascencionados e que retornam como guias-chefes, para auxiliar a evolução das pessoas que frequentam os Templos de Umbanda.  O tempo e o auxílio espiritual desinteressado ou livre de segundas intenções tem sido os maiores atrativos dos fiéis umbandistas.

A Umbanda, por ser sincrética, não alimenta em seu seio segregacionismo religioso de nenhuma espécie e vê as outras religiões como legítimas representantes de Deus. E vê todas como ótimas vias evolutivas criadas por Ele para acelerarem a evolução da humanidade.

A Umbanda prega que as divindades de Deus (os Orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.

A Umbanda prega a existência de um Deus único e tem nessa sua crença o seu maior fundamento religioso, ao qual não dispensa em nenhum momento nos seus cultos religiosos e, mesmo que reverencie as Divindades, os espíritos da natureza e os espíritos ascencionados (os guias-chefes), não os dissocia D’Ele, o nosso Pai Maior e nosso Divino Criador.

Concluindo: Por definição, a Umbanda é uma religião espírita, ritmada, ritualizada, de origem euro-afro-brasileira.






DIGNIDADE EM SER UMBANDISTA

O simples fato de uma pessoa passar a compreender as coisas que muitos não compreendem o torna diferente, ora respeitado, ora desprezado, invejado ou ainda não raro odiado, distante da factual medíocre e hipócrita fase egoísta do espirito humano. Paira uma solidão cortante e uma tristeza enorme de ver que a pior deficiência humana não esta no corpo físico.

A religiosidade na Umbanda nos leva a esta reflexão, principalmente quando vemos o espirito de um Preto Velho ou Caboclo, que simbolizam as duas raças mais injustiçadas desta nossa historia, se doando ao trabalho caritativo e ainda ser alvo de julgamentos nocivos, raivosos, preconceituosos daqueles que não querem compreender e sequer se prezam aos atos de respeito às diferenças, mas QUEM TEM OLHOS DE VER QUE VEJA: que dentro dos Templos existem aqueles que adoram os guias de umbanda desde que estes se disponham a resolver seus conflitos e problemas diversos e sem fim. Um após o outro.

São consulentes e médiuns vaidosos egoístas que só se sentem Umbandistas no templo, fazem do terreiro o seu palco, onde exibem-se maculando o espaço sagrado. 

Não se atentam ao esforço feito pelos guias em nome de sua redenção e evolução, nem reconhecem o amor que irradia à sua volta, não bebem da água sagrada do riacho Umbandista, antes, vão apenas para lavar seus pés sujos.

Absorvidos pelas futilidades, a ilusão é concreta em sua realidade e a indiferença é a tônica. Não querem saber, desprezam o conhecimento e a reflexão.

É triste ver mensagens milenares de amor ao próximo serem entoadas como poesia, sem o mínimo esforço prático.

Nada existe mais incompatível com este mundo que o espirito livre. Todos estamos presos às nossas próprias vicissitudes. Tem que ter muita Fé, muita força de vontade para vencer, para seguir firme no caminho espiritual crendo na evolução e redenção dos seres. Temos sim que apelar ao astral superior, pois é penoso o caminho da matéria, e o risco de nos perdermos em seus atalhos uma constante.

O médium como elo de ligação entre o visível e o invisível, deve se preocupar em manter a serenidade mental e a conduta reta. 

Umbanda não é brincadeira. “Umbanda é coisa séria para gente séria” (Caboclo Mirim). Não queremos e nem temos o direito de julgar ninguém, mas a observação é necessária para formar alicerces morais e boas regras de conduta, alem do que, é dever de cada um manter sagrado o seu espaço sagrado. Precisamos de humildade, simplicidade e pureza de pensamentos, sentimentos e ações.

“A espiritualidade é uma dádiva. Ela surge para aqueles que confiam, ela acontece para aqueles que amam, e que amam imensamente” (Osho). 

“Sustenta-me, pois, ó grande realidade!
Robustece-me com tua força!
Ilumina-me com a tua luz!
Abrasa-me com teu ador!
Enche-me com tua plenitude!
Abisma-me em tua ilimitada felicidade!
Ó DEUS eterno e amoroso, necessito de ti…” (H. Rohden)
 

Ó Umbanda querida, religião do amor, irradia sobre nós seus sete raios divinos: a fé, o amor, o conhecimento, a lei, a justiça, a geração e a evolução! 

Ajuda-nos à sermos dignos de receber em nossos corpos, espíritos com a nobreza de um caboclo e a luminosidade de um Preto Velho. Amém!

Por Antonio Bispo – JUS (JORNAL DE UMBANDA SAGRADA) Jun/12 

FONTES:





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