Todos nós sabemos que a base da
Umbanda é a caridade. Tanto a caridade espiritual que consiste em ajudar
direcionando os que vêm em busca de auxílio, quanto a material em forma de
obras assistenciais. Mas será que entendemos a verdadeira importância da
caridade? Será que realmente entendemos as palavras do nosso Mestre quando diz:
“Fora da caridade não há salvação”?
Analisando alguns terreiros, pude
notar, de forma mais generalizada, dois tipos de Umbandistas: Os que fazem e os
que querem. Os que fazem normalmente são pessoas que estão na religião com
intuito de somar, buscando sempre dar o seu melhor e levar com o coração o nome
da Umbanda. Os que querem acabam entrando nas fileiras mediúnicas com o
pensamento que, quão mais próximos estiverem dessa religiosidade, mais poderão
conseguir benefícios para suas vidas. E é nessa hora que as coisas se invertem,
pois os que fazem acabam conseguindo muito mais do que os que querem.
Fica claro que é o trabalho pelo amor
e não pela recompensa que gera a “premiação”, pois essa premiação se chama
MERECIMENTO e, quanto menos você almejá-lo, mais você merece. Parece ilógico,
pois vivemos em um mundo onde tudo gira em torno da troca e não da caridade que
praticamos somente como ato de doar. O conceito de doação ainda é muito
complicado para maioria das pessoas. Dar sem esperar retorno do que foi feito.
Fazer pelo outro sem querer a bonificação ao término.
E existe uma diferença ainda maior
entre os que fazem e os que querem. Os que fazem, ao conseguirem algo pelo seu
merecimento, são gratos, pois tudo que eles fizeram foi de coração. Já os que
querem ficam comparando o trabalho que tiveram com a graça alcançada e, muitas
vezes, saem insatisfeitos, pois sempre acham que fazem mais do que são reconhecidos.
Os que fazem sempre vão ter muito
trabalho, pois eles são poucos, mas os que fazem não ligam para isso, pois
sempre estão dispostos a trabalhar, a doar. Os que querem, vez ou outra, param
para pensar e, algumas vezes, com ajuda da religiosidade mudam de “time”.
Temos sempre que lembrar que Umbanda é
sinônimo também de caridade e, por isso, quanto mais estivermos engajados nessa
luta, quanto mais os valores Umbandistas forem iguais aos nossos, mais
Umbandista nós seremos.
A luta continua, e ainda temos muitos
postos para novos soldados de Oxalá armados até os dentes com disposição e amor
a esta religião tão maravilhosa que é a nossa Umbanda.
Texto de
Marco Farnezi, publicado no Jornal de Umbanda Sagrada, ano XIV – nº 16, março
de 2014
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