CORRENTE MEDIÚNICA


Qual é sua corrente? Que tipo de elo você é?


É o conjunto de forças magnéticas que se forma, em dado local, quando indivíduos de pensamentos e objetivo semelhantes se reúnem e vibram em comum. Podemos dizer que é um conjunto de médiuns, tal quais os elos de uma corrente de metal, que se interligam e complementam. Na corrente, cria-se o contacto entre as auras, unem-se os fluídos, harmonizam-se as vibrações individuais, os elos mentais ligam-se entre si e forma-se uma estrutura espiritual da qual cada pessoa é uma parte, uma parte viva, vibrante, operante. Para que uma corrente mediúnica seja coesa e tenha uma boa vibração, os médiuns que dela participam, deverão ter o mesmo pensamento ou sentimento, caso contrário, o elo quebra-se, o trabalho espiritual não desenvolve. às vezes a “carga negativa” é demais para um único médium absorver e se livrar dela. É necessário que se dilua essa carga entre outros médiuns e, nesse caso forma-se uma corrente mediúnica, que pode ser composta por dois médiuns no mínimo ou por uma quantidade infindável deles. As sessões espirituais são compostas por duas correntes: corrente mediúnica e corrente espiritual, que trabalham em harmonia, buscando os mesmos objetivos. à corrente que se estabelece num ritual no plano material, corresponde uma outra formada pelas entidades e, dessa união gera-se uma forte corrente espiritual, de onde todos podem beneficiar. A participação de um médium numa corrente deverá começar pelo banho de ervas e uma limpeza mental, preparada de bons sentimentos, elevando o pensamento para um plano superior de religiosidade.

A formação de uma boa corrente magnética é a condição mais importante para a realização de todo e qualquer trabalho espiritual. 

A missão de ser médium é árdua e espinhosa, é difícil, é o caminho das tentações. Médiuns são aqueles espíritos que receberam antes da presente encarnação, determinados ajustes no Organismo Astral e, nas suas concepções morais, que possibilitem ceder a sua constituição física à comunicação mediúnica, trabalhando em prol da Caridade e da evolução própria e dos seus semelhantes. Este é um compromisso firmado entre este Ser e os Espíritos da Confraria Cósmica de Umbanda, antes do nascimento e que deve florescer de maneira natural ao longo da encarnação do indivíduo. A vida não nos pede sacrifícios, nem esforços que não sejam compatíveis com as nossas forças. Compete a todos os médiuns lutarem para melhorar. O desejo de muitos para ser médium é ardente, no entanto, passar pelos caminhos que devem ser trilhados por um instrumento sensível ao bem, poucos suportam. 

Acreditem, temos tantas energias contrárias, posicionamentos julgadores, seres tentando negativar nosso trabalho que, quando percebemos a quantidade de pessoas que torcem, que gostam e que nos ajudam, ficamos deslumbrados e emocionados.

Claro que não damos muita importância para toda essa ação negativa, mesmo porque ela nos ajuda a manter nossas convicções bem firmadas na Lei de Pemba, assim como nos mantém sempre vigilantes.

Mas o assunto que quero compartilhar com todos vocês hoje não é, pontualmente, esse. Quero falar sobre a importância da EGRÉGORA em nossa vida e em nossa Umbanda. 

Egrégora provém do grego “egrêgorein” = velar, vigiar, e indica a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas quando se reúnem com a mesma intenção, energia e vibração, ou seja, quando várias pessoas têm um mesmo objetivo comum, suas energias se agrupam e se “arranjam” formando um padrão, uma tendência, uma EGRÉGORA. 

Todos os agrupamentos humanos possuem suas egrégoras características: todas as empresas, clubes, religiões, famílias, partidos, etc. 

Um exemplo de egrégora encontramos no hospital. O principal objetivo dos que ali estão é serem curados ou promover a cura, independente de êxito. Portanto, um hospital carrega consigo uma “Egrégora de Cura” que está no chão, nas paredes, no nome, nos frequentadores do hospital, nos funcionários, pacientes e visitantes. São muitas mentes voltadas para um único objetivo, isso é concentração de energia, isso é egrégora!

Percebam que existe então, a egrégora do amor, da piedade, do perdão, da fé, da cura, da alegria, da paz, assim como existe a egrégora do medo, do ódio, da discórdia, da inveja, da vaidade etc, dependendo somente de nossos pensamentos e sentimentos. 

Vale saber que uma boa egrégora formada com pensamentos virtuosos, com força vibrante e positiva, é muito mais forte do que qualquer ação negativa individual. Portanto, criar, fazer parte e manter uma egrégora de Fé, Luz e Amor deve ser o maior objetivo de todos os médiuns, assim como deve ser a principal função de todos os Pais e Mães Espirituais, afinal, é a arma mais poderosa que temos contra qualquer investida negativa. 

Acredito que com essa pequena exposição deu para perceber o quanto somos capazes e o tamanho de nossas responsabilidades perante tudo e todos, principalmente em nossos Terreiros onde é tudo muito acentuado, onde diversas energias, várias necessidades, múltiplas vibrações, centenas de espíritos estão interagindo conosco, médiuns trabalhadores.

Aliás, creio ser essencial que entendamos a importância da ‘união’, do ‘pensar junto’, do ‘desejar a mesma coisa’, do ‘firmar a corrente mediúnica’ com a mesma intenção, com a mesma vibração e com a mesma intensidade, assim como, creio ser importantíssimo que cada um dentro do terreiro perceba o quanto é responsável pelo outro e por todos. 

Enfim, entender sobre “egrégora” é fundamental para qualquer médium, qualquer consulente, qualquer dirigente e qualquer ser humano que se preocupa em “fazer o melhor” e “viver bem”. 

E para que consigam saber mais sobre esse assunto, acompanhem o texto abaixo de Claudio Zeus - extraído do livro “Umbanda Sem Medo” Vol I, publicado no JUCA – Jornal de Umbanda Carismática, quando ele fez dois anos (agosto 2008 – ed. 24). 



EGRÉGORA 

Se você é pai no santo ou médium frequentador de algum terreiro, já deve ter pelo menos ouvido alguém dizer: Olha a corrente, gente! Vamos concentrar! 

Você sabe realmente o que isso quer dizer? Muita gente (até as que falam) não sabe! 

O que é essa tal de “corrente”? 

Será uma corrente de ferro ou de fibras que se forma no invisível? Será uma corrente que vai prender os espíritos? Será? Será? 

Na verdade, quando um dirigente (quando bem preparado) chama a atenção para a “corrente” é porque ele sentiu uma queda ou diminuição na energia ambiental (EGRÉGORA) que deve ser mantida pelos médiuns em um potencial elevado, de forma a manter os trabalhos em nível adequado, até mesmo por uma questão de auto-preservação. 

Essa questão da “corrente” ou egrégora é tão importante que vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto para que você possa perceber, se orientar e orientar a outros.

Vou tomar como exemplo uma gira de Umbanda, mas advirto que você pode adaptar minhas explicações para entender práticas espirituais, inclusive das Igrejas Evangélicas que fazem curas, etc. 

Vamos considerar um grupo de 10 pessoas e partir do princípio de que TODAS ESTÃO UNIDAS POR UM MESMO IDEAL. Isso é a base de tudo! 

Criada a egrégora como já vimos antes (pela união dos pensamentos direcionadas aos mesmos fins), cada vez mais energias de mesma sintonia são atraídas para o ambiente. Essas energias somadas atuam imediatamente nas pessoas que ali estão e em alguns casos, se for bem forte já começam a operar alguns “milagres”, desde que as pessoas estejam em estado de recepção (concentradas no ritual e ansiando por receberem um bem). As entidades afins (aí eu já estou falando de seres espirituais) penetram e até são atraídas para o interior. Entidades inferiores tendem a ser barradas por uma força invisível (a energia) que a princípio é incompatível com suas vibrações (isso se tudo estiver “correndo bem”). 

Se uma entidade inferior for atraída para dentro da egrégora, ela fica de certa forma subjugada pela força desta e desse modo se consegue lhes dar um melhor encaminhamento para outros planos espirituais. 

As entidades afins usam parte dessa energia para auxiliar os que ali estão na medida de suas possibilidades. 

A técnica usada nos terreiros de Umbanda e Candomblé para formar a egrégora inicial (quando os grupos são bem dirigidos) está baseada nos rituais de “abertura”. Já nas Igrejas Evangélicas e outras, consiste basicamente nas pregações, que fazem com que os adeptos se concentrem ou dirijam seus pensamentos de acordo com a “pregação”.
Se você for um estudioso e não carregar preconceitos, notará que nessas “pregações” há sempre um direcionamento do raciocínio dos ouvintes de forma a fazê-los pensar positivamente e acreditarem firmemente na possibilidade de alcançarem os bens que foram procurar. Nesse momento, embora nem saibam, às vezes, estão gerando a egrégora.
Fazer com que a assistência participe ativamente, pensando positivamente, deve ser parte obrigatória de TODAS as giras de Umbanda. Essa, no entanto é uma prática esquecida e o que vemos em muitos terreiros é uma assistência quase que sempre alheia, só participando em alguns momentos, de preferência quando vêm de encontro ao que lhes interessa.
Dessa egrégora, como já disse, são retiradas as energias para a realização dos trabalhos, o que vale dizer que se essa energia não for forte o suficiente, o mínimo que pode acontecer é acontecer nada.

Por outro lado, se a corrente ou egrégora das “giras” não for suficiente, várias complicações podem acontecer com o passar do tempo, sendo que, o(a) dirigente, por ser o centro maior das atenções e para quem convergem as maiores quantidades de energia ali geradas e mesmo as trazidas pelos assistentes, é quem sofre, por assim dizer, as maiores consequências dos trabalhos realizados sem a devida segurança.

VEJA ABAIXO ALGUNS TIPOS DE COMPLICAÇÕES QUE PODEM OCORRER: 

  • Médium dirigente e/ou médiuns auxiliares não conectados positivamente com suas entidades de guarda o que pode provocar de imediato incorporações insatisfatórias, e insegurança – ANIMISMO. 

  • Perturbações por intromissão de entidades do Baixo Astral que encontram entrada fácil nesses casos. 

  • Problemas com médiuns e/ou assistência com relação até mesmo à integridade física, pois não é raro em sessões dessa natureza, haverem manifestações turbulentas de entidades descontroladas e médiuns idem. 

  • Cansaço físico de dirigente e médiuns ao final dos trabalhos pela perda energética sofrida. O normal é que quando se encerram os trabalhos, todos os médiuns se sintam em perfeitas condições físicas e, não se tratando de trabalhos de descarga e desobsessão, é normal até que saiam sentindo-se melhor do que quando chegaram, justamente porque conseguiram atrair uma grande quantidade de energia positiva da qual todos poderão desfrutar. 

Observação: Existem mais situações que podem acontecer, mas vamos ficando por aqui, pois só as citadas já darão como consequências as que vêm após. 


COMPLICAÇÕES QUE PODEM OCORRER COM A CONTINUIDADE DOS PROBLEMAS: 

  • Enfraquecimento crescente dos contatos entidade/médium. 
  • Corpo mediúnico cada vez mais inseguro. 
  • Dificuldades crescentes para a realização de trabalhos. 
  • Problemas começam a surgir na vida material de todos. 
  • Discórdias entre o grupo começam a gerar desentendimentos maiores. 
  • Formam-se grupos dentro do grupo dividindo a energia ao invés de somá-la. 
  • Doenças e dificuldades começam a aparecer. 
  • Como os contatos espírito/médium já não são tão positivos, torna-se difícil ou impossível a solução de problemas que antes eram nada (aí, não raramente começam a se consultar em outros lugares). 

Para sintetizar: Todos serão altamente prejudicados por seus próprios atos e desunião e, como ocorre normalmente, ao final ELEGERÃO SEMPRE UM CULPADO – ou o dirigente ou a própria Umbanda (no nosso caso). 

Ainda sobre a egrégora de terreiros de Umbanda, é preciso que se explique que ela, além de ser formada e nutrida com a energia gerada em cada reunião, também é favorecida pelas “firmezas” ou “assentamentos” que devem ser tratados, reforçados e respeitados. 

Mais uma explicação:

Assentamento, como muitos podem crer, não é prática exclusiva das religiões Afro. Até mesmo elas “importaram” essa prática de Seitas e Religiões muito mais antigas. 

Se os assentamentos estiverem bem “sintonizados” com as energias e entidades para os quais foram dirigidos, sabendo o/a dirigente acioná-los, eles serão de grande importância (caso contrário serão meros ocupantes de lugar), pois poderão trazer para o ambiente essas energias e entidades que beneficiarão sobremaneira a realização de trabalhos positivos. 


PARA RESUMIR E FICAR BEM ENTENDIDO, OBSERVE O SEGUINTE: 

  • Energia positiva atrai energia positiva (o oposto também vale). 
  • Pensamentos (que geram energia) positivos atraem energias e fatos positivos (ou negativos…). 
  • Medo, insegurança e discórdias quebram a rotina da criação e da ação de energias positivas. 
  • Fé (certeza, convicção) provoca sempre a criação de energia e, quanto maior for, maior será a ação dessa energia. 
  • Egrégoras são energias que podem ser geradas e fortalecidas a cada dia. Se elas serão positivas ou negativas, dependerá de quem as criará. 
  • Egrégoras (se positivas) são de utilidade total em qualquer reunião para trabalhos mediúnicos. Quanto mais fortes, maior o auxílio que podem prestar. 
  • Egrégoras formam-se até mesmo em sua casa, seu ambiente de trabalho, etc. Só que nesses casos, como não costuma haver um direcionamento das energias que a formarão (a não ser em poucos casos) elas correm o risco de serem negativas. 
Grupos desunidos, por mais forte que queira parecer o dirigente, estarão sempre a um passo da derrota em função de não conseguirem gerar o ambiente propício para a presença de Verdadeiros Espíritos Guias.

A disciplina e a união em torno de objetivos comuns são partes sólidas da base que construirá o verdadeiro Templo – aquele onde comparecerão sempre os Verdadeiros Amigos Espirituais. 





VERDADEIRO UMBANDISTA 

Ser um verdadeiro umbandista é, acima de tudo, amar o Criador e todas as coisas que foram criadas por Ele. É amar a Terra, o vento, o rio, o fogo, o mar, as montanhas, as plantas e as criaturas viventes. É amar a criatura humana, símbolo da perfeição de toda sua obra; Ser um verdadeiro umbandista é colocar-se à disposição dos Guias Espirituais da Umbanda na prática da Caridade, expressão maior do amor. É saber ouvir os bons conselhos dos Pretos Velhos; é ser intrépido e valente como os Caboclos; é permanecer doce e gentil como as Crianças; é ser flexível e corajoso como os Marinheiros; é ser um bom combatente e audacioso como os Boiadeiros; ser manso e sereno como os Ciganos; é ser divertido e alegre como os Baianos (tal como o Mestre Zé Pelintra). Ser um bom guardião das coisas santas como o incompreendido Exu;


Ser um verdadeiro umbandista é honrar os Sagrados Orixás, tenham eles os nomes que tiverem, sejam eles regentes dos pontos de força em que estiverem entronizados, sejam eles conhecidos ou ainda velados. É saber solicitar-lhes o socorro no cumprimento do dever; é pedir-lhes ajuda quando necessário; é entender o seu correto campo de ação;


Ser um verdadeiro umbandista é prestar a caridade da forma como puder realizar, independente do rótulo, mas sempre com amor, inteireza de coração e humildade. É estar sempre solícito aos apelos dos necessitados, nunca esperando nada em troca. Nunca aguardando qualquer forma de retribuição, seja material ou espiritual. É estender a mão ao caído, mas sem exigir dele o pagamento do socorro;


Ser um verdadeiro umbandista é amar o irmão de fé, compreendendo suas fraquezas e limitações, sem jamais apontar-lhe o dedo acusador com a intenção de empurrá-lo ao precipício. É não tornar-se altivo, soberbo e poderoso perante os ignorantes e pequenos. É calar-se diante da injúria ou da calúnia, e não revoltar-se preparando-se para a guerra armada;


Ser um verdadeiro umbandista é respeitar a autoridade espiritual que lhe foi apresentada pelos Guias, na pessoa do Chefe de Terreiro. É entender que ele também é passível de erros e tropeços, e nunca pode ser visto como infalível. É aceitar as suas correções e orientações, ainda que na vida comum ele peque naquilo que orientou melhor os seus filhos de fé. É fazer sempre o melhor para agradar ao seu chefe, sabendo que está fazendo não para ele, mas para o seu Guia Espiritual que o conduziu até aquela pessoa;


Ser um verdadeiro umbandista é dar o carinho necessário aos filhos de fé. Não é espancar com palavras ou com a mão, mas é corrigir com afabilidade e temperança. É estar na condução de uma corrente, exercitando a paciência, a abnegação, o amor ao próximo e, sobretudo, a humildade. É não fazer distinção de filhos pobres ou ricos, de feios ou bonitos, de inteligentes ou ignorantes, de pretos ou brancos. É abraçar a todos os filhos sem preferir aos mais achegados, mas é buscar aquele que está longe, afastado, retraído, assustado.


Ser um verdadeiro umbandista é não jogar pedras no telhado da casa vizinha. É respeitar o Guia que toma conta dela; é respeitar as Entidades que ali descem de vez em quando; é amar os irmãos que residem naquela mansão ou naquele casebre; é ajudar a levantar uma parede caída, ou um alicerce abalado. É não jogar lama na parede caiada utilizando palavras mesquinhas e cheias de rancor ou inveja.


Ser um verdadeiro umbandista é apenas seguir o exemplo do Mestre Jesus.



Um abraço fraterno a nossa grande família espiritual,
aos meus Irmãos de Fé, e a todos aqueles que tem fé e acreditam.
Que Oxalá nos una a todos em torno de sua sagrada cruz.

                                                                                     Salve a Umbanda!




FONTES:



“Umbanda Sem Medo” Vol I, de Cláudio Zeus, (agosto 2008 – ed. 24). 
www.umbandasemmedo.blogspot.com 


Nenhum comentário:

Postar um comentário