A IMPORTÂNCIA DO DESAPEGO



É PRECISO DESAPEGAR-SE!


Desapego... que exercício difícil para nós ainda presos ao ego humano... o apego é uma das maiores ilusões da vida terrena... apegar-se a que? A quem? Apegar-se para que? Se tudo é transitório, se tudo é passageiro... O apego é uma das fontes de maior sofrimento... quanta dor, quantas lágrimas por nada.

Isso é meu. Eu sou. Eu tenho. Eu faço. Eu sei. Eu quero. 

O apego é o mesmo que querermos segurar o vento, o ar... somente com o desapego é que podemos ter... ter o que é da alma... porque nós não temos... nós simplesmente somos... somos o que somos.O sofrimento do apego se inicia aqui, na Terra, acreditamos ter posse sobre as coisas materiais; a nossa terra, a nossa casa, as nossas roupas, a nossa beleza, o nosso carro, o nosso cargo, a nossa posição social, o nosso talão 5 estrelas, o nosso cartão de crédito internacional, a nossa empresa e assim por diante...


Claro que a prosperidade é um direito do ser, é estarmos em sintonia com a energia da abundância cósmica, mas não podemos confundir com posse... Alguns tem um forte sentimento de apego dentro de um Fusca 64 e outros passarão totalmente desapegados dentro de uma carrão do ano... nós aprendemos na Luz e na sombra... temos que perder para darmos valor ao ganhar, temos que passar pela escassez para aprendermos a buscar a abundância; e a vida é uma grande roda, que gira e gira e nós vamos vivenciando todos os desafios, todas as situações para adquirirmos sabedorias... tudo é cíclico... tudo é empréstimo temporário para o nosso aprendizado.

Quanto sofrimento é gerado à alma no momento do seu desencarne, quando, presa aos apegos terrenos... não alcança a Luz porque está olhando as sombras; não atinge um nível maior de consciência porque está presa à inconsciência dos apegos terrenos... Devemos sim viver os prazeres da terra, com o desapego da alma... vivendo aquilo que a vida está nos proporcionando sem a prisão do medo da perda...

E o que dizermos do apego emocional? Ah... é mais e muito mais dolorido! Criamos inúmeras vezes na nossa mente, no nosso corpo emocional, a ilusão de que o outro nos pertence, que nós temos posse sobre o outro e também vendemos a ilusão que o outro tem posse sobre nós... e neste jogo emocional vivemos anos, vidas inteiras e criamos laços carmáticos profundos... e o mais irônico, para não dizer o mais triste, é que nos atrevemos, presos a esta visão distorcida, a chamar isto de amor!

Mas temos que compreender que para atingirmos o Desapego e o Amor Maior, temos que vivenciar o apego e o amor terreno. São os nossos primeiros passos para alcançarmos a sabedoria dos Mestres. Nós confundimos apego profundo com desapego e não conseguimos realmente enxergar nossa confusão e a vida faz a parte dela, ou seja, gera o desapego para percebermos o quanto estávamos apegados.

Somos como as folhas de uma grande árvore. Quando o vento passa, nos leva para onde a força da vida indicar.

Todos são espíritos. 

Todos são imortais. 

Nós não temos cor, não temos raça, nem bandeira que limite nossa ação.

Ás vezes é preciso que o vento nos leve até determinado lugar para ai desempenharmos uma tarefa. A gente se esconde num corpo quente, num coração amoroso e então renasce vestido de carne, com roupa branca ou preta, ou amarela, bonita ou feia. Quando chega a hora e o vento sopra, partimos deixamos a roupa usada e rumamos para onde a vida no conduzir, para viver outra experiência. Por isso é que devemos nos desapegar das coisas do mundo, mesmo daquelas que são boas. Estamos de passagem. Somos todos peregrinos, romeiros da vida.

Em nossa viagem pelo mundo só possuímos, na verdade, aquilo que doamos, que oferecemos á vida: o amor, as virtudes, o bom caráter. As outras coisas são muletas que usamos para ajudar na caminhada, assim que aprendemos a andar direito, com a cabeça erguida diante da vida, deixamos tudo de lado para partir rumo a novo aprendizado. Ficará para trás tudo aquilo que nos prende ao chão, á retaguarda. É preciso se desapegar do mundo. Usar as coisas que estão no mundo sem se submeter a elas.

A verdade é que precisamos criar o hábito do desapego, da troca, da renovação. Você pode gostar das coisas que conquistou, muitas vezes, com esforço e dedicação ou, até mesmo, por meio de presentes que chegaram em um momento especial da sua vida. É um direito seu! Mas, não é sobre isso que estou falando... tenha amor pelo que é seu, mas, tenha consciência de que pode obter outras coisas melhores, mais novas, atuais ou mais na moda, seja por desejo ou necessidade.

"Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo", por isso, ao decidirmos optar pelo novo, imediatamente o velho deve ser descartado para dar lugar ao que está chegando. Chamamos este movimento de "Lei do Vácuo".

A Umbanda é, sem sombra de dúvidas, a melhor das religiões. Por isso a escolhi. Ou ela, ou eles, me escolheu, me escolheram. Sou Umbandista!

A Umbanda permite uma série de atitudes que visam – lá na frente – nosso desenvolvimento, nosso aprimoramento. Caminhar em direção da luz. Podemos errar, pois seremos perdoados. Podemos falhar, pois nos será dada outra chance. Podemos errar com nós mesmos, com quem amamos, com quem não conhecemos. Podemos desejar, sem saber bem o por quê. Ego e vaidade.

Uma das grandes lições da Umbanda é trabalharmos por meio do amor. Porque através dele estão os sentimentos e atitudes de paz, harmonia, caridade, fé. Fé na gente mesmo. Fé na religião. Fé no que professamos quando estamos vestidos de branco como soldados do amor. Por nós, pelos outros, pelos espíritos.

Um dia perguntei ao Preto Velho o que era humildade. Ele respondeu com aquele sorriso doce: “é não julgar o próximo”. Esta foi uma das grandes lições. E por mais que julguemos o próximo a todo momento o que vale mesmo é o exercício. Sempre escrevo isso. Exercício. Tentar a todo custo e a todo momento não julgar. Tentar a todo custo e a todo momento ser amor. Tentar a todo custo e a todo momento compreender. Tentar a todo custo e a todo momento sorrir e abraçar.

Durante um bom tempo coloquei minha cabeça no lugar e pensei sobre a Umbanda. Mas sobre a Umbanda. Sobra a beleza da minha religião. Sobre a força da minha religião. O papel que ela tem para melhorar o ser humano que a pratica.

E percebi que a Umbanda não está trancada dentro de um terreiro, senão dentro dos nossos corações. Percebi que não sou insubstituível. Ninguém é. Percebi que eu ajudo a Umbanda ajudando a tê-la verdadeiramente dentro de mim. Não sou dono de mim mesmo dentro da Umbanda. Sou dono da verdade do amor. E por este caminho devo seguir.

Não sou dono de nenhum guia. Não sou dono de nenhuma guia, seja ela grossa ou fina. Não sou dono dos meus desejos impuros. Não sou dono de nenhuma verdade. Não sou dono de nada. Sou dono do meu espírito e do meu corpo. E deles devo cuidar.

Não posso me sujar com a vaidade, com o ego, com o erro, com a mentira, com o ódio, com a raiva, com o rancor, com a falsa humildade, com o estrelismo, com a falta de amor, com a falta de educação. Meus guias e Orixás, como é difícil! Como dói ter que exercitar o amor. Como dói ter que reconhecer tudo isso.

Mas como é maravilhoso quando nos entregamos – de alma e coração – ao poder do amor. O amor que perdoa, o amor que reconhece, o amor que faz você seguir adiante, que faz com que você acredite que há uma luz no fim do túnel. Que nada está perdido. 

E esta é a minha Umbanda.

A gente passa muito tempo criando obstáculos, tecendo uma teia em nós, e desanimamos facilmente quando precisamos desfazê-los.


Para finalizar, complete o processo de transformação promovendo, também, uma faxina interna, livrando-se dos lixos mentais. Aprenda a separar o que é importante e o que não é importante em sua vida, filtrando o que proporciona alegria, prazer e bem estar.


Muita gente não acerta, simplesmente, porque investe demais no que não tem importância e acaba desiludida, sem ânimo para recomeçar, mas, também, porque insiste em viver do passado, iludida com os momentos que jamais voltarão. Essas pessoas são gente de boa-fé, mas não compreendem porque o mundo está contra elas, porque os outros vivem armados e predispostos a atacá-la sem nenhum motivo. São indivíduos que passam a assumir o papel de vítimas, esperando que os outros preencham suas expectativas, suas carências.

Acredite em suas capacidades, preencha você mesmo as suas expectativas e faça o necessário para as coisas acontecerem. Assim, as palavras serão de mais alegria no diário de seu coração. Só não espere as coisas caírem do céu! É preciso, antes de tudo, querer realizar, ter vontade de criar. Não inventaram uma chavinha "liga-desliga", nem a Ciência produziu uma fórmula capaz de acionar essas capacidades, porque todo indivíduo é um ser único e especial por si mesmo, diferente das pessoas que conseguiram chegar aonde sonharam. Mas, se elas conseguiram, você também consegue. Trabalhe a sua automotivação; confie, caminhe com passos firmes e luminosos, na certeza da realização.

Estudando a sabedoria indígena, descobri que a Lei do Vácuo é trabalhada a muito tempo pelos nativos americanos. Esses sábios xamãs ancestrais sempre incentivaram o trabalho do desapego, em várias cerimônias festivas. Levam objetos que tem muito apreço, muito significado, para doar a outro.

Acredito que essas palavras foram muito importantes para que você tomasse conhecimento da Lei do Vácuo e iniciar um processo de criação positiva para sua vida. Todavia, existe um outro lado que você já deve ter ouvido falar ou já leu em algum livro; um lado que transcende a tudo que falei e a tudo que você pensou até agora sobre a Lei do Vácuo. É preciso, antes de tudo, esvaziar a mente das coisas que não interessam ao espírito e alimentá-la de coisas sutis, valorosas, pois isso dará um significado maior para a sua vida. 

Além de fazer sua higiene física, faça também a sua higiene mental diariamente. Use com sabedoria o tempo que irá gastar no banho, proporcionando alguns minutos de satisfação com você mesmo; dê significado positivo a cada momento da sua vida. Aproveite que a água tem a propriedade de lavar a sujeira do corpo e use a sua energia condutora para lavar a tristeza e sentimentos de angústia que insistem em te acompanhar. Imagine que todas as suas "doenças" estão escorrendo pelo ralo, deixando você completamente saudável e feliz.

Depois, vista-se em primeiro lugar com a "roupa" do bom-humor. Um grande e agradável sorriso espelhado na face é a melhor atitude que pode adotar nesse momento; é um presente que as pessoas receberão ao longo do dia. Em seguida, renove aquela esperança, pois a esperança é o caminho da "Porta que se Abre para Dentro" e reflete a direção que irá tomar no mundo lá fora. Essa é a "veste do espírito", que deve igualmente ser cuidado com o mesmo carinha e atenção que dá ao corpo físico, ou não vai adiantar escolher uma bela calça e uma camisa elegante se o seu semblante não estiver condizente com o verdadeiro sentido da vida, a tal "felicidade".

Escolha, "somente hoje", não magoar ninguém, não ferir, não julgar, não criticar. Somente hoje, compreenda que as pessoas têm sonhos para alcançar, planos para realizar e projetos a concretizar. Seja esforçado e ajude a quem estiver do seu lado nessa caminhada; estenda a mão, se necessário; amplie seu olhar além de você.

Ao caminhar sozinho, você também consegue chegar ao objetivo, mas a companhia de alguém pode tornar o percurso mais agradável, mais divertido do que um caminhar solitário. Faça uma reflexão sobre isso.

Se acreditar realmente que esse dia será abençoado, assim será!

Independente se está se libertando de alguma coisa que já completou seu ciclo, confie mais, observe a sagrada mãe natureza envolvendo você; não permita que a dúvida se aproxime e acredite em seu coração.

Certa vez, alguém perguntou que técnica uso para esquecer pessoas que realmente amo, já que é muito mais difícil quando precisamos nos desapegar de pessoas a quem amamos muito. Será possível? Acredito que sim, pois confio na sabedoria cósmica e na força da criação com seus propósitos.

Quando gostamos verdadeiramente de alguém não há apego nenhum, pois quem ama de verdade, sem aquela coisa de paixão arrebatadora, só alimenta um "bem querer", livre de qualquer outro sentimento. Se existe apego é porque você não ama de verdade. Tem alguma coisa que é bom somente para você, ou para ambos, mas que você tem medo de perder e, se ficar sem, acha que a vida será só tristeza, sem nenhum atrativo. Até mesmo a morte não é capaz de desfazer os laços de amor pelas pessoas que amamos. Elas apenas trocam de lugar, mudam de endereço consciencial. Fica somente uma saudade gostosa, desde que nela não tenha sofrimento, desespero ou mágoas.

Quando nos despedimos de alguém, estamos dando a esse alguém e a nós mesmos a liberdade necessária para seguirmos outros caminhos, pois este é o movimento natural da vida. É como o filho que parte em busca de um futuro melhor ou se casa para viver sua própria vida. Se o faz é porque está feliz com seus objetivos. Não deveríamos estar também?

Compreender o objetivo da separação, seja em qual contexto for, é dar um passo para a liberdade, é transcender a sua autobiografia e ao seu sistema de valores; é superar aquela velha tendência de querer resolver tudo do seu jeito para entender as razões do outro. Lembre-se: a vida tem seu processo natural e evolutivo.

Que possamos entender isso e apreciar cada expressão da criação. Permita o novo em sua vida, mergulhe na essência do verdadeiro Amor!

Por isso, meus irmão, se desapeguem. Se desapeguem do que não é seu. Se desapeguem do sentimento de tristeza e raiva. Se desapeguem logo, porque esses sentimentos não podem ficar dentro da gente.

Somos Umbandistas. Na Tenda Santo Antônio e em qualquer outro terreiro. "Mas somos mais Umbandistas no terreiro que habita dentro dos nossos corações."


Essa, a verdadeira essência da sabedoria. Pense nisso, meu filho.


Vovó não quer Lasca de coco no terreiro.
Só prá não se alembrar dos tempos do cativeiro. 

Muita Paz e Sabedoria!




FONTES:

Revista Cristã De Espiritismo. Ano X. Ed.82. Págs. 26,27,28

Livro "Sabedoria de Preto Velho" de Robson Pinheiro por Pai João de Aruanda 





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