A IMPORTÂNCIA DO CONGÁ




O CONGÁ - O ALTAR NA UMBANDA

Pai Oxalá que é dono da gira
Abre as cortinas deste congá.
Afirma, meu pai ,afirma
Afirma nas correntes do mar.

A palavra “congá” é de origem banto e é utilizada no ritual de umbanda para denominar o “altar sagrado” do terreiro. Este altar é composto de imagens de santos católicos, caboclos, preto-velhos, e outros. 

O congá, normalmente, situa-se no fundo do terreiro, de frente para o público. É composto por uma mesa onde ficam as imagens e outros apetrechos religiosos e tem relação estreita com o que está embaixo: os assentamentos ou os fundamentos do terreiro. Sua disposição é diversificada, podendo haver imagens de Jesus Cristo (nunca crucificado), de santos, de guias, de anjos, ou símbolos representativos destas entidades, além de flores, copos com água, velas, pedras e livros. Um ponto em comum é a ausência de imagens de exu e pomba-gira. O congá, muitas vezes, é chamado de altar, em referência ao altar cristão.

O objetivo de se ter um altar num templo religioso é que ele se torna um ponto de força poderosa ao local, funcionando eletricamente como um portal, irradiador de energias positivas e facilitando o contato com esferas espirituais e dimensões paralelas à nossa, o que já é um fundamento. Um dos elementos mais usados e primordiais a um altar são as velas e podemos dizer até que dão vida ao altar. A vela tem o objetivo de captar as irradiações positivas que chegam de forma vertical (do alto) e os coloca em horizontal, assim nos deixando de frente com o Criador e divindades que assistem

O Altar representa para os médiuns umbandistas o lugar de mais alto respeito dentro de um terreiro de Umbanda. É ele o centro da imantação de um templo, pois é dali que emanam todas as vibrações através de seus imãs. Os assentamentos do Congá têm que ser limpos periodicamente. Os filhos de santo da casa tem obrigação de saldar este altar antes de começar o ritual e no seu término.

Ainda no Congá tem em destaque a imagem da entidade espiritual que comanda o terreiro que de modo geral, em se tratando de Umbanda, poderá ser: um caboclo, um preto-velho ou ainda a imagem do orixá que governa a cabeça do médium, chefe do terreiro.

Um texto do livro Segredos Magia de Umbanda e Quimbanda - W.W. Matta e Silva sobre a firmeza do Congá: 

"Deve se compenetrar de que o assentamento de “congá” exige, logo de principio, a respectiva imantação, pois o “congá” com suas imagens e seus objetos de fixação mágica ou astro-magnética é o principal ponto de apoio objetivo, direto,geral, dos filhos-de-fé e de todos que por ali vão em busca de alguma coisa de ordem moral, espiritual ou humana propriamente dita...O “congá” é, portanto, uma das mais fortes ligações para os movimentos das forças mágicas, mediúnicas, astrais etc.; é o elo comum para que as entidades apliquem as ligações astro-magnéticas, pela magia sugestiva, provindas das correntes mentais que nele se apóiam, quando os crentes vibram nele, ou através dele, para tal ou qual “santo ou orixá”, pela fixação mental sobre tal ou qual imagem ou estátua."

As velas colocadas (firmadas) com amor e fé estabelecem um elo de ligação maior e abrem o acesso à dimensão divina habitada por entidades. Assim como a vela ao “anjo da guarda” fortalece a influência benéfica que o mesmo exerce sobre nós. Não podemos esquecer das velas em nosso altar, pois vela é mistério usado por todas as religiões do mundo. Quando é ativada religiosamente, se torna um poderoso elemento mágico, energético e vibratório que atua no etérico de quem recebe sua irradiação ígnea, elas têm o poder de consumir as energias negativas que são descarregadas pelos frequentadores do Templo.

As estátuas (imagens dos guias e santos) ajudam a elevar as vibrações mentais, pois ao olhar para elas começamos a nos lembrar da doutrina salutar e ensinamentos associados, aumentando a conexão da pessoa com tudo o que a estátua representa.

As pedras são condensadoras de energia e possuem vibração única, podendo trazer a força da natureza e dos sítios, aos quais foram retiradas, para dentro do ambiente e têm ligação com encantados da natureza que trabalham para a harmonização das vibrações do planeta. Diferentes pedras trazem energias diversas, por isso devemos estudá-las para conhecê-las.

A água é o principio da vida e da geração e o melhor veículo para o trato interno de nosso corpo. Podemos pedir às divindades que nos assistem para fluidificarem a água durante um ritual feito com fé e amor, onde a água passa a absorver essências etéricas que muito nos ajudará em todos os sentidos. 

As flores e as ervas trazem as essências balsâmicas e curadoras que agem tornando o ambiente muito mais “leve” e benéfico. Trazem a ligação com o “espírito coletivo” ao qual fazem parte e se bem tratadas aumentam nosso benefício em sua convivência.

Os utensílios religiosos e magísticos, como os colares de contas (guias), espadas, cálices, podem ser consagrados e ter no congá um local seguro para sua purificação a partir de onde recebem uma força e sentido único. 

Assim, vimos que o congá tem grande importância nos terreiros de umbanda. Vamos respeitá-lo pelo que ele significa.

As imagens que encontramos nos altares dos centros de Umbanda têm a função de impor um respeito único aos frequentadores induzindo uma postura respeitosa, silenciosa e reverente. As imagens apenas representam os Orixás, uma vez que é muito utilizado também o sincretismo religioso, uma unificação através da semelhança entre as características de um Orixá e as de um santo católico. É claro que Ogum não é São Jorge apenas se assemelha a ele em sua qualidade guerreira e Oxalá não é Jesus Cristo apenas traz o mesmo sentido de paz, compreensão, amor incondicional, e assim segue para todos. Orixá não é santo, pois santo foi um espírito humano que viveu no plano material e por boas atitudes foi canonizado pela igreja católica e também não é anjo, pois anjo é um mensageiro de Deus. Orixá é Divindade de Deus, ou seja, é um ser Divino e um mistério de Deus, é uma exteriorização e representante exclusivo de Deus. Por isso entendam: Orixá nunca encarnou, portanto não é santo, nem dá consultas, Orixá não é mensageiro de Deus mas sim representante de suas qualidades, atributos e sentidos. Orixá vem da cultura africana Nagô – Yorubá. São Divindades criadas a partir de Olorun, que é o Deus Supremo onipresente, onipotente e onisciente. Umbanda cultua Orixá através de suas qualidades, elementos e mistérios.




Umbanda é e está na Natureza e em seus elementos naturais. Por isso melhor que ter imagens nos altares, é ter elementos naturais que representem os Sagrados Orixás, ou seja, trazer a força da natureza, “da Umbanda”, para dentro de nossa casa. Esses elementos podem ser as águas minerais ou cristalinas, as ervas, flores ou plantas, as pedras ou os minérios, como também instrumentos simbolizando a força e o mistério do Orixá. Vejam alguns exemplos de elementos que você pode colocar em seu altar de forma simples, bonita e muito poderosa:

  • Oxalá – cristal transparente, taça de inox ou copo com vinho branco ou água mineral, girassóis, trigos. 
  • Oxum – pedras como quartzo-rosa, ametista, pirita, água doce de rio ou de cachoeira, rosas amarelas, flor chuva de ouro. 
  • Oxóssi – pedra como esmeralda ou quartzo verde, ervas como guiné, alecrim, espada de Oxóssi, copo de vinho, cipó. 
  • Xangô – pedras de otá ou jaspe, espada de Xangô, machados, cerveja preta. 
  • Ogum – pedras como granada ou rubi, cerveja clara, espadas, lanças ou escudo de ferro, espada de São Jorge. 
  • Obaluayê – pedras como ônix ou turmalina preta, taça de vinho tinto ou água mineral, crisântemo, palha da costa com búzios.
  • Iemanjá – pedras como água-marinha ou madre-pérola, água do mar, estrela do mar, conchas, rosas brancas, alfazema.
LEMBRAMOS que não há mal algum em ter um altar em casa, só é preciso ter Respeito e Amor, pois não se pode montar um altar por impulso ou tratar as Divindades como elemento de “moda”. Umbanda tem fundamento e é preciso respeitar! 



Orientações Ritualísticas 

Vela para o Anjo-de-Guarda

Os filhos de corrente podem acender sua vela (sempre na cor branca) para o Anjo-de-guarda no dia correspondente ao seu Pai-de-cabeça. Assim se for filho de Xangô deve acender na quarta-feira, se for de Yemanjá, no sábado, e assim por diante. Procedimento análogo ao acendimento de velas em dia de Gira, veja a seguir. 

Preparação para as Giras

Vinte e quatro horas antes da Gira não se deve ingerir nenhum tipo de bebida alcoólica, comer carne vermelha (de preferência), nem manter relações sexuais. Para as giras de desenvolvimento deve se tomar as mesmas cautelas. 

Na chegada ao Terreiro, se deve saudar as casas de força, os pontos consagrados aos Exus que fazem a guarda e a proteção de nossa gira e de todos os freqüentadores durante a mesma. Assim logo na entrada ao lado esquerdo temos o ponto de força do Exu guardião do Terreiro. 

Ao adentrar no Terreiro propriamente dito (local de culto), deve-se pedir licença, saudar a guna real, pois ali é onde estão elementos que dão sustentação astral para o Terreiro. E, da mesma forma deve-se saudar o congá (altar) que é onde ficam as imagens representando os Orixás e Guias. Alguns cumprimentam todos os Orixás, outros, apenas Oxalá e o seu Pai-de-cabeça, outros ainda somente o seu Pai-de-cabeça, ficando a critério de cada um. 

Observações importantes: 

O ideal é não entrar no Terreiro com o mesmo calçado que se usou na rua, uma vez que o “chão do Terreiro” é solo consagrado, por isso, é recomendado que se fique descalço. Em sinal de respeito e humildade às entidades que ali se encontram e trabalham. 

Também é recomendado que os consulentes e médiuns não adentrem o terreiro com roupas curtas e/ou decotadas. 

Ao encontrar as pessoas que compõe a hierarquia (Pai-de-Santo, Capitães, Ogãns e cambonos) do Terreiro, ou seja, irmãos que tenham uma função de orientação, condução e de co-celebração da nossa Gira, deve-se pedir “Mucuiú” que é um pedido de benção. Em sinal de respeito aos guias que os acompanham.     

O Médium pede: “Mucuiú” (A sua benção) e o componente da hierarquia responde “Mucuiú n’Zambi” (Zambi – (Deus) te abençoe). 



CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CONGÁ 

Ao chegarmos em um Templo de Umbanda, lugar sagrado onde a Espiritualidade se manifesta para bem e fielmente cumprir o que lhe é designado pelo Pai Maior (Tupã, Zambi, Olorum, Deus, Allah), via de regra observamos na posição frontal posterior do salão de trabalhos mediúnico-espirituais um ou mais objetos litúrgicos (cruz, imagens, símbolos, velas etc.), dispostos de modo bem visível e que despertam a atenção dos que ali se fazem presentes. 

A este espaço especificamente destinado a recepcionar um conjunto de peças litúrgico-magísticas, afixadas sobre certas bases, na Umbanda nomeamos de Congá (Jacutá – Altar). 

Um grande número de pessoas pertencentes a outros segmentos religiosos ou seitas, não conhecendo os fundamentos através dos quais a Umbanda se movimenta, o definem como sendo um local de idolatria e fetiches desnecessários. Já uma parte da coletividade umbandista, mais preocupada com a forma de apresentação do que com a essência, também não têm noção do quão importante é o Congá para as atividades do Terreiro, notadamente em seus aspectos Esotéricos e Exotéricos. 

Não queremos dizer com a citação de tais palavras que exista Umbanda Exotérica e Umbanda Esotérica. Umbanda é Umbanda e só, sem os designativos que infelizmente estamos acostumados a ouvir, produto da vaidade e do modismo de alguns. O que existem sim é exoterismo e esoterismo dentro da ritualística umbandista, e isto é notório para aqueles que observam com atenção os trabalhos de terreiro. 

Feitas estas considerações preliminares, comecemos por esclarecer que, embora os dois termos retrocitados (Exotérico – Esotérico) sejam pronunciadas da mesma forma (homofonia - mesma sonorização), ambas possuem significados apostos, diferentes. 

Diz-se ESOtérico (Eso = Interno, velado, oculto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou procedimento, cuja significação somente é acessível a uma plêiade de pessoas, que por outorga espiritual e/ou sacerdotal alcançaram tal conhecimento. 

Sua publicidade é velada, pelo menos a priori. 

Conceitua-se EXOtérico (Exo = Externo, aberto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou procedimento, cuja significação é de conhecimento geral, alcançando a todos, de forma ostensiva, pública, vale dizer, sem nenhuma restrição quanto a sua razão de ser.

A nível EXOtérico, o Congá funciona como ponto de referência ou lugar de intermediação ou fixação psíquica, para o qual são direcionadas ondas mentais na forma de preces, rogativas, agradecimentos, meditações etc. 

É sabido que as instituições umbandistas recebem pessoas dos mais diferentes degraus evolucionais, umas dispensando instrumentos materiais para elevarem seus pensamentos ao plano invisível, e outras tantas, a maioria, necessitando de elos tangíveis de ligação para concentração, afloramento, e direcionamento do teor mental das mesmas. 

No quesito Sugestibilidade, o Congá, por sua arrumação, beleza, luminosidade, vibração etc., estimula médiuns e assistentes a elevarem seu padrão vibratório e a serem envolvidas por feixes cristalinos de paz, amor, caridade e fraternidade, emanados pela Espiritualidade Superior atuante. 

Também é através do Congá que muitas pessoas que adentram pela primeira vez em um templo umbandista conseguem identificar de pronto quais forças que coordenam os trabalhos realizados. Para os não-umbandistas, como é saudável e balsâmico visualizar uma imagem representativa de Jesus (de braços abertos), posicionada em destaque, como que os convidando a fazerem parte desta grande obra de caridade que é a Umbanda. 

SIM AMIGOS LEITORES, A UMBANDA É UMA RELIGIÃO INTELIGENTEMENTE ESTRUTURADA PELA DIVINA ESPIRITUALIDADE. 

Enquanto algumas religiões vaidosamente insistem em ficar em seus pedestais, fazendo apologias e proselitismos em causa própria, ora se intitulando como sendo o consolador prometido, ora como a única igreja de Deus, sem se importarem com os diferentes níveis de consciências encarnadas, a Umbanda, assim como Jesus, se integra as multidões, acolhendo a todos, sem distinção alguma, sem catequizar ou bitolar doutrinariamente ninguém. Religião é isto: é atender a todas as classes sociais, econômicas, religiosas, étnicas e consciências, atingindo-as, amparando-as e respeitando as diversas faixas espírito-evolutivas. 

Pois bem! Passemos a falar do aspecto ESOtérico do Congá. E o faremos de maneira parcial, uma vez que não é nossa finalidade “pescar” para ninguém, mas tão somente estimular o estudo e uma maior habitualidade de raciocínio no que diz respeito a temas de fundamento dentro da Umbanda, a fim de termos médiuns mais bem preparados e aptos a dignificarem nossa sagrada religião. 

Imaginem uma Usina de Força. Assim ‘e o Templo Umbandista. Agora imaginem esta usina com três ou mais núcleos de força, cada qual com uma ou mais funções neste espaço de caridade.Pois bem, o Conga é um deste núcleos de força, em atividade constante, agindo como centro Atrator, condensador, Escoador, Expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos e níveis de energia e magnetismo.‘ 

É Atrator porque atrai para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre o terreiro, numa contínua atividade magneto-atratora de recepção de ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos. 

É Condensador, na medida em que tais ondas ou feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num complexo influxo de cargas positivas e negativas, produto da psicoesfera dos presentes. 

É Escoador, na proporção em que, funcionando como verdadeiro fio-terra (pára-raio) comprime miasmas e cargas magneto-negativas e as descarrega para a Mãe-Terra, num potente efluxo eletromagnético. 

É Expansor, pois que, condensando as ondas ou feixes de pensamentos positivos emanados pelo corpo mediúnico e assistência, os potencializa e devolve para os presentes, num complexo e eficaz fluxo e refluxo de eletromagnetismo positivo. 

É Transformador no sentido de que, em alguns casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao ambiente de caridade. 

É Alimentador, pelo fato de ser um dos pontos do terreiro a receberem continuamente uma variedade de fluidos astrais, que além de auxiliarem na sustentação da egrégora da Casa, serão o combustível principal para as atividades do Congá (Núcleo de Força).Não, irmãos umbandistas, o Congá não é mero enfeitenem tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos afixados de forma aleatória, atendendo a vaidade de uns e o devaneio de outrosCongá dentro dos Templos Umbandistas sérios tem fundamento, tem sua razão de ser, pois que pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais, magísticas, sob a supervisão dos mentores de Aruanda. 

FONTES:






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